quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Moradores de Campinas travam 'batalha' com 15 mil ovos

Cerca de 15 mil ovos de galinha foram atirados na Guerra de Ovos, em Campinas Foto: Rose Mary de Souza/Especial para Terra


Cerca de 100 moradores da cidade de Campinas, distante 90 km de São Paulo, participaram no sábado de uma guerra de ovos. A "batalha" aconteceu na pracinha no final da rua Iris, no jardim Amália. No total, foram usados 15 mil ovos de galinha, sendo brancos, vermelhos, grandes, pequenos, inteiros ou quebrados.

A chamada Guerra de Ovos reúne de um lado o ferramenteiro Nilson Alves Lara, o Malta, 45 anos. Do outro, ficam a equipe do mecânico Ricardo Fernandes Bastassini, o Dinho, 28 anos. "A brincadeira começou em 2006, quando o Dinho e seus amigos quebraram uns ovos na cabeça do Malta dentro do bar do Bily. E no ano seguinte o Malta resolveu revidar, só que na praça, porque o Bily não gostou da sujeirada do ovo dentro do estabelecimento", disse a mãe de Dinho, a comerciante Isabel de Fátima Fernandes Bastassini.

O inusitado encontro reúne homens, crianças e adolescentes. O "combate" tem hora e dia marcados: ao meio-dia do segundo sábado do mês de dezembro. Fogos de artifício anunciam o início da "batalha", que tem como objetivo acertar o maior número de vezes o corpo do "inimigo". Cada "combatente" tem que ser rápido e conseguir atirar um grande volume de ovos nos adversários.
Ao final da "guerra", a promessa era contratar um caminhão de água para lavar as ruas. Um temporal acabou limpando a sujeira. A "tropa" de Malta foi declarada perdedora. "Eu aceito a derrota mas sei que ganhei mais e mais amigos hoje", afirmou Malta.
Segundo Dinho, a compra dos ovos, incluindo os ingredientes para a festa que veio depois, custou um pouco mais de R$ 2 mil. Todos contribuem em dinheiro para pagar ovos, carnes e bebidas. "Para entrar na 'guerra' tem que doar um 1 kg de alimentos que será entregue para uma creche", disse a dona de casa Andressa Wellemsoh, 31 anos.
"Balas perdidas"
Ao redor da até então pacata praça, a torcida composta de mulheres, filhos e curiosos se aperta, grita, vibra e também se esconde das "balas" perdidas. Fica quase difícil sair sem ser "chamuscado" pelos ovos. Calçadas e gramados ficam escorregadios com a mistura de gema e clara. Após a "batalha", todos celebram com churrasco regado a cerveja e refrigerante. Antes, porém, tentam, em vão, tirar o cheiro de ovo impregnado no corpo.
Os participantes tentam se proteger com capas de chuvas, capacetes, máscara cirúrgica, lençóis presos ao corpo e botas de borracha. Porém, a maioria usa camiseta, tênis e calção. "Eu saí de qualquer jeito de casa", disse a estudante Thais Michelle Lourenço Cangane, 22 anos, que, junto com a estudante Débora da Silva, 29 anos, eram as únicas meninas na brincadeira.
"Qual a sensação de levar uma ovada?", perguntou uma mulher ao parar seu carro no meio fio, vendo uma multidão reunida assistindo a outra multidão jogando ovos uns nos outros. "O ovo é pequeno e chega veloz. A gente tenta fugir, mas ele faz uma curva e explode, 'ploft', um monte deles, nos braços, nas costas, na canela. Dói um pouco até, fica vermelho na hora. É pura adrenalina, dona", disse Débora, antes que a mulher fechasse o vidro e acelerasse o veículo, temendo ser alvejada.


Fonte: Terra Notícias